- Nº 1725 (2006/12/21)
Três poemas das «Heróicas»

<em>Canta Camarada Canta<br>Combate<br>Acordai</em>

Em Foco

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Canta Camarada Canta

Canta, camarada, canta
Canta, que ninguém de afronta.
Que esta minha espada corta
Dos copos até à ponta

Eu hei-de morrer de um tiro
Ou de uma faca de ponta;
Se hei-de morrer amanhã
Morra hoje, tanto monta!

Tenho sina de morrer
Na ponta de uma navalha,
Toda a vida hei-de dizer:
Morra o homem na batalha.

Viva a malta e trema a terra
Daqui ninguém arredou!
Quem há-de tremer na guerra,
Sendo um homem como eu sou?

Tradicional da Beira Alta com letra adaptada


Combate

Nada poderá deter-nos,
Nada poderá vencer-nos.
Vimos do cabo do mundo
Com esse passo seguro
De quem sabe aonde vai.

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Guerras perdidas e ganhas
Marcaram o nosso corpo
Mas nunca em nós foi vencida
Essa certeza sabida
De saber aonde vamos

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Os mortos não os deixamos
Para trás, abandonados,
Fazemos deles bandeiras,
Guias e mestres, soldados
do combate que travamos

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Nada poderá deter-nos
Pró assalto das muralhas
nossos corpos são escadas
para as batalhas da rua
nossos peitos barricadas

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Nada poderá deter-nos
Vimos do cabo do mundo
Vimos do fundo da vida:
Que somos o próprio mundo
E somos a própria vida

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Versos de Joaquim Namorado e música de Fernando Lopes Graça


Acordai

Acordai, homens que dormis
A embalar a dor dos silêncios vis!
Vinde no clamor das almas viris,
arrancar a flor que dorme na raiz!

Acordai, raios e tufões
que dormis no ar e nas multidões!
Vinde incendiar de astros e canções
as pedras e o mar, o mundo e os
corações…

Acendei, de almas e de sois
este mar sem cais, nem luz de faróis!
E acordai, depois das lutas finais,
os nossos heróis que dormem nos covais.

Versos de José Gomes Ferreira e música de Fernando Lopes Graça